Vale do Silício tupiniquim: cultura inovadora e empreendedora

O cenário de negócios e o relacionamento entre governo, empresas, universidades e entidades interessadas no desenvolvimento tecnológico de suas regiões são algumas das principais diferenças quando se compara os Estados Unidos ao Brasil. Mas nenhum outro aspecto é tão gritante quanto o fator cultural. Aí as diferenças ainda são abissais.

Nos próximos dois aspectos destacados por William F. Miller como fatores decisivos para a criação de um polo tecnológico aos moldes do Vale do Silício fica claro que é preciso uma mudança de mentalidade – não só dos empresários, mas da própria sociedade.

6) Clima favorável para o risco empresarial e tolerância aos erros

O americano está muito mais propenso a arriscar quando empreende. Há uma cultura empreendedora que faz com que a sociedade não condene um jovem que tenha fracassado nas suas primeiras tentativas como empresário.

No Brasil, se um indivíduo tem sua empresa fechada por dificuldades de mercado ou falta de investimento, todas as portas passam a se fechar para uma nova tentativa de empreender. O esforço precisa ser redobrado. O empreendedor é socialmente condenado pela família, pelos amigos, e, muitas vezes, financeiramente aos olhos de instituições financeiras.

Inovar é assumir riscos. E quando se aponta no horizonte tecnológico, um empreendimento que deu errado facilmente pode amanhã se reinventar, se tiver imbuído do espírito inovador e orientado para o mercado que pretende atuar. O importante é que o conhecimento e o capital intelectual gerado não se perdem – se renovam.

7) Conhecimento em capital de risco

O mercado de venture capital dos Estados Unidos é um dos maiores e mais competitivos do mundo. Empresas nascentes que tenham a inovação no DNA e boas ideias a serem desenvolvidas facilmente captam recursos junto a fundos de investimento e investidores anjo, mesmo sem terem um modelo de negócio ainda claro.

Outro aspecto importante é que grande parte de quem investe não está só preocupado em fazer reengenharia financeira, mas sobretudo participar do negócio e fazer valer em prol da empresa investida seus conhecimentos de mercado e suas redes de relacionamento.

Florianópolis já tem um histórico de iniciativas voltadas ao capital de risco. Diversos fundos já aportaram em empresas catarinenses de tecnologia as ajudando na sua fase inicial. Falta ainda em grande parte este aspecto do investidor realmente participar dos negócios e não ser um mero capitalizador de recursos.

Diversos fóruns já foram realizados na região tendo como objetivo aproximar possíveis investidores de negócios promissores. Além disso, surgiram em Florianópolis consultores especializados em atuar na orientação de empreendedores e também na mediação com investidores, como é o caso da BZPlan.

Autor: Rodrigo Lóssio

Jornalista formado pela UFSC, especialista em Propaganda e Marketing pela UNIVALI, com MBA em Gestão de Negócios, Mercados e Projetos Interativos pelo I-Group. ? sócio-diretor da Dialetto e editor executivo do blog TI Santa Catarina.

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