Vale do Silício tupiniquim: o papel da universidade

Iniciamos hoje a série de posts sobre os passos que Florianópolis precisar dar e melhorar para, de fato, poder ser comparada, mesmo que minimamente, ao tão aclamado Vale do Silício.

O próprio William F. Miller, ex-reitor da Universidade de Stanford, afirma que nenhum polo tecnológico no mundo conseguirá ser ou chegar próximo a realidade que foi e é o Sillicon Valley para aquela região, para os Estados Unidos e para o mundo. Perseguir e se apresentar competitiva e alguns dos 14 aspectos apontados por Miller já é um grande passo para as regiões tecnológicas.

E para Floripa, como um dos principais polos tecnológicos do país, não é diferente. Vamos a dois aspectos apontados por Miller:

1) Intensidade de conhecimento

A Stanford University é o grande celeiro de pesquisadores e jovens sedentos por abrir empresas inovadoras. De lá surgiram grandes nomes do cenário tecnológico mundial, como Steven Balmmer (CEO da Microsoft), Sergey Brin e Larry Page (fundadores do Google), William Hewlett e David Packard (fundadores da HP) e Jerry Yang (fundador da Yahoo). Além de Stanford, outras duas universidades se destacam no cenário do Vale do Silício – a San Jose State University e a Santa Clara University.

Em Florianópolis, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que completa 50 anos em 2010, tem cumprido um papel importante não só como formadora de mão de obra para o setor tecnológico, como também de geração de empreendedores em empresas de base tecnológica, que surgem de projetos de conclusão de curso, dissertações e teses.

A UFSC é avaliada como uma das melhores universidades do país, sendo recentemente apontada como a quinta instituição do Brasil em geração de conteúdo científico na internet (Webometrics). São mais de 20 mil alunos na graduação e 9 mil na pós-graduação.

Alguns desafios ainda precisam ser ultrapassados e extrapolam a realidade local de Florianópolis: 90% dos doutores americanos estão nas empresas, em departamentos de pesquisa, desenvolvimento e inovação; já no Brasil, a mesma proporção está na universidade, desenvolvido atividades de ensino e pesquisa, ainda com pouca interação com as empresas.

2) Universidades e institutos de pesquisa que interajam com eficácia com a indústria

Diversos institutos de pesquisa orbitam a Stanford University, como o Stanford Research Institute e o SLAC National Accelerator Laboratory.

A missão destas instituições é descobrir e aplicar a ciência e tecnologia para gerar conhecimento e negócios. Agências de governo, fundações e a própria indústria americana são seus principais clientes, licenciando tecnologia, desenvolvendo parcerias estratégicas com diversas organizações e criando empresas spin-off.

Na capital catarinense, a UFSC cumpre grande parte deste papel e tem sido uma aliada na pesquisa e desenvolvimento para grandes companhias brasileiras como a Embraco, WEG, Petrobras, Natura, Tractebel e Embraer. Estas empresas mantém laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, desenvolvendo parcerias e transferências de tecnologia constante.

Como fundação de apoio, a FEESC surge como o principal elo entre a indústria e a universidade. Além disso, a Fundação Certi é destaque nacional como centro de pesquisa de novas tecnologias e de sistemas e produtos na área de mecatrônica.

Autor: Rodrigo Lóssio

Jornalista formado pela UFSC, especialista em Propaganda e Marketing pela UNIVALI, com MBA em Gestão de Negócios, Mercados e Projetos Interativos pelo I-Group. ? sócio-diretor da Dialetto e editor executivo do blog TI Santa Catarina.

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