Catarinenses de olho na internet pela tomada
Internet pela rede de energia elétrica. Realidade já presente em diversos países e que agora chegará ao Brasil. Semana passada a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aprovou resolução que regulamentou o uso de PLC (Power Line Communications) nas redes de distribuição de energia. Com a medida, concessionárias poderão usar os fios de distribuição de eletricidade para prover internet a residências e empresas.
Uma das grandes vantagens apontadas por especialistas catarinenses é a possibilidade de transformar toda a infraestrutura elétrica de uma residência ou edifício em uma rede local de dados, onde cada tomada pode ser utilizada como um ponto de acesso que pode ser usado de maneira simples e descomplicada. De olho neste mercado que se abre, já há empresas catarinenses desenvolvendo e representando tecnologias ligadas a PLC.
A Lay Line é uma destas. Baseada no Condomínio Industrial de Informática, em Florianópolis, a empresa representa no Brasil a Yitran, companhia israelense especializada na tecnologia PLC, que oferece soluções tanto para desenvolvedores de hardware, quanto para empresas interessadas em prover internet banda larga por meio da eletricidade.
Mesmo antes da regulamentação da Aneel já vínhamos fornecendo a tecnologia PLC – apenas para projetos de aplicação interna, em redes locais. Para empresas fornecedoras de soluções, a Lay Line fornece produtos e circuitos integrados desenvolvidos para gerenciamento de PLC, fabricados pela Yitran.
Fabrício Santos, gerente de marketing da Lay Line
A Cianet Netwoking é outra empresa catarinense que tem desenvolvido projetos com foco nas provedoras de internet banda larga no país. A companhia, instalada no Parque Tecnológico Alfa, em Florianópolis, prevê ter entre 2011 e 2012 uma solução estável para o mercado que se abre de PLC.
Temos uma parceira em nível mundial que tem participado de congressos no mundo sobre esta tecnologia e identificamos que não existe ainda uma solução estável para aplicações residenciais, visto a crescente demanda por velocidade e qualidade na transmissão de dados. Não é só uma questão de custo de aquisição ? que ainda é alto se comparado com outras tecnologias -, são os problemas de operação relacionados a rede elétrica. Acreditamos que no Brasil é muito ?auê?? para pouco resultado prático, eficiente e eficaz.
João Marcelo Corrêa, diretor da Cianet
A tecnologia PLC gera ainda controvérsias entre empresas, o mercado e agentes reguladores. As linhas de força ainda não são consideradas meios ideais para transmissão de dados, já que a rede elétrica está sujeita a todo tipo de interferência e ruídos gerados por fontes chaveadas, motores e até dimmers. As oscilações podem variar drasticamente de um momento para o outro, à medida que luzes ou aparelhos conectados à rede são ligados ou desligados. Problemas semelhantes ocorriam nas linhas telefônicas e que foram corrigidos com o tempo.
Entre as vantagens apontadas pela ANEEL como fatores convincentes da importância da regulamentação desta tecnologia está o fato que o aluguel dos fios para empresas provedoras de PLC poderá reduzir o valor das tarifas em médio prazo. Esta é também uma das expectativas da Associação de Usuários de Informática e Telecomunicações de Santa Catarina (SUCESU-SC).
O PLC pode ser uma alternativa barata ampliar os programa de inclusão digital bastando para isso uma intervenção direta do governo criando políticas que impeçam a exploração abusiva de operadoras (concessionárias) de energia eletrica. Acredito que esta tecnologia no país deve derrubar os preços da banda larga ofertada pela empresas de telecom, levando em conta que ela se baseia na infraestrutura já existente de transmissão e distribuição de energia elétrica.
Carlos Eduardo Nascimento, presidente da SUCESU-SC